Um certo Capitão Rodrigo
Sabe aquele livro que a gente pega na biblioteca e nunca mais devolve?
Rodrigo Cambará chegou ao povoado de Santa Fé causando. Chapéu caído na nuca, com seu cavalo, violão à tiracolo - aquele estilo que chega num bar, pede uma dose de bebida forte, lança um olhar de "sou foda" não intencional à galerinha pacata que fumava um cigarrinho maroto e os deixa com vontade de dar um pequeno murro na cara dele.
É com seu jeito firme e com um coração enorme que o Rodrigo vai ganhando a confiança alguns moradores e, ao mesmo tempo, o eterno ódio de outros. O que não esperava o amante de jogos, mulheres e bebidas, porém, é que o seu coração encontrasse o da jovem Bibiana, fazendo com que ele não quisesse mais abandonar Santa Fé. Linda, delicada e amável, a moça cativa o rapaz de espírito livre e uma história de amor ganha seus primeiros traços, convidando o leitor para uma viagem de luta e borboletas no estômago.
"Ai, que livro feio, amassado, amarelado, velho, detonado, chato". Essa foi a impressão que eu tive ao encontrá-lo no meio dos outros livros, na estante do Educafro. Mas aos poucos superei esse preconceito e hoje estou muito orgulhosa disso.
Gente, livro bom não é só aquele que tem capa dura por cima da capa original pra gente fotografar e mostrar no blog no post comprinhas de agosto. Existem histórias incríveis dentro de livros detonadinhos esperando para serem lidas. Vamos driblar o mundo superficial ao nosso redor juntos e nos interessar mais pela história do que pela estética do livro. Com isso, faremos um bem sem explicação para nós mesmos.
A linguagem dessa história não é tão contemporânea à nossa, mas posso garantir procês que é muito fácil de entender. A leitura corre bem rapidinho e a gente logo fica com pena de o livro estar acabando tão rápido. Olhem o trecho da foto acima, por exemplo: as palavras são bem escritas, mas é super simples entender cada uma delas. E olha que coisa mais linda o Rodrigo-homem-livre-pegador relatando o que sentira ao ver Bibiana pela primeira vez. Não é lindo, gente?
Esse livro é uma das partes de O Continente, livro escrito por Érico Veríssimo, que faz parte da trilogia O Tempo e o Vento. Procês verem como a história é boa, heim? Como pode uma parte de um livro virar um livro? - isso é quase um trava-línguas.
Só tenho uma coisa a dizer para terminar essa resenha: Érico Veríssimo, muito obrigada!
Comentário feliz: Na semana passada, fui ao cinema sozinha, como de costume. De repente, um dos trailers quase me fez chorar. Adivinhem? Vai lançar o filme O tempo e o Vento em setembro! (sambando na cadeira do cinema).
Thiago Lacerda dará vida ao Capitão Rodrigo e Marjorie Estiano à Bibiana. Pra mim, não há atores mais parecidos com a descrição feita pelo Érico e tenho muita esperança de que o filme seja lindo como o livro.
TRAILER:
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Falando em livros, vocês já foram à bienal desse ano?
Me rasguei inteira quando soube que ia ser no Rio de Janeiro ($), pois já cogitava a possibilidade de subir pra São Paulo e conhecer esse evento. Mas meu amigo-irmão-jornalista-simpátiquinho Tadeu foi à Bienal do Livro no Rio e gravou uma matéria muito muito muito interessante com sua equipe por lá.
Confesso que me identifiquei nos 1:45 (quem nunca?)
A HISTÓRIA DO LIVRO, DO PERGAMINHO À BIENAL

estudante de jornalismo, escritora por amor e professora nas horas vagas. 22 anos, moro em Floripa com meu companheiro e tomo cerca de 5 doses de café diárias. amo cheiro de livro velho e sou gamada numa biblioteca. adoro vinho barato, noites frias - dessas que sai fumacinha da boca. sou rolezera, mas também gosto de ficar em casa de buenas fazendo sopa.
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